quinta-feira, 26 de abril de 2012

Envelhecendo


Estamos envelhecendo...
O tempo passado,
as muitas coisas não vividas
estão ficando para trás
e não poderemos vivê-las
em outro tempo.
A areia da ampulheta
que insiste em cair,
marcando nossas vidas,
como o tempo
que se esvai por entre
dedos que não mais
se entrelaçam.
O rosto perdendo o viço,
estampando a chegada da idade,
que com cremes,
insistimos em esconder.
Cabelos embranquecendo,
denunciando o passar dos anos,
escondidos com tinturas,
que não escondem a verdade...
a verdade de que
estamos envelhecendo!
o tempo passando
e a vida ficando para trás,
junto com momentos,
oportunidades fugidias
que a vida e o tempo
não trarão mais.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Palavras Vazias


Nem uma linha
mais te escrevo,
uma vez que as palavras
ali contidas,
de tão vazias não atendem
mais os seus desejos.
De tão vazias
não despertam mais
o seu interesse...
E se palavras vazias,
em linhas vazias,
não conseguem
te fazer entender...
Por que escrevê-las novamente?
Perder tempo ou tinta
para palavras
que de tão vazias,
nem fazem eco em seus ouvidos?


domingo, 15 de abril de 2012

Sementes

Joguei ao vento

sementes em forma de palavras

na espera que terrenos

de ouvidos férteis

as recebessem,

permitindo-lhes brotar.

Para onde os ventos

sopraram tais sementes

não sei responder.

Sementes se foram

como pássaros

a voar em outros céus,

outros ouvidos,

sem pouso certo.

Cabe-me apenas

continuar minha faina

de semeador de palavras

para os ouvidos do mundo,

esperando um dia,

poder colher

abundantemente,

os frutos daquilo

que outrora semeei.



Te amo!

Te amo!

Ainda que nossos lábios

há muito não se toquem,

que o seu sabor

não faça parte de meu paladar,

que seu cheiro não fique

preso em meu corpo...

te amo!

Te amo

por ser você

que me faz feliz

com seu sorriso,

seu olhar,

com o brilho de seu olhar

e de seus cabelos.

Te amo

como se fosse a única.

a única mulher

a despertar em mim

a alegria de amar

e de me sentir amado.

Ainda que nossos dedos

não se entrelacem,

nossos corpos

não traduzam

sentimentos,

não se conversem

como poderiam fazer,

te amo,

pois é este amor

que me envolve,

que me renova

e me faz buscar,

ainda que distante,

o desejo de

te amar

a cada dia

que passo,

a cada momento

que passo

ao teu lado.

sábado, 14 de abril de 2012

Distância e Silêncio

O vazio das palavras,

o silêncio constante,

ainda que,

com ruídos no pensamento,

causa o distanciamento.

Palavras não ditas,

servem de motivos

para cada vez mais,

aumentar a distância

daqueles

unidos por outros laços.

O pensamento não é suficiente,

as palavras não ditas,

não conversadas,

aumentam ainda mais

o incômodo que

ao ampliar-se,

faz ampliar também,

a distância que se abre.

O distanciar-se provoca

o esquecimento...

laços se rompem,

num desacostumar

da companhia,

da inteireza de outrora

que agora,

no silêncio das palavras,

ainda que no pensamento,

insiste em ecoar

no vazio que a distância

fez surgir.

Olhos e ouvidos atentos

de momentos já vividos,

esperam o andar dos

ponteiros do tempo,

para mais uma vez

verem-se sozinhos,

caminhando,

sem o sonho

de ter ao lado

aqueles muito amados,

que outrora

convidamos

a sonhar em conjunto,

a vida que belamente

se descortinava

à nossa frente.

Só resta

o silêncio...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Os Ponteiros do Tempo

Os ponteiros do relógio

andam em seu ritmo contínuo,

indicando aos observadores

que o passar do tempo

deixa pra trás

as oportunidades de retomar

aquilo que se esvai,

que escorre

como a areia,

de uma ampulheta quebrada,

por entre os dedos.

O tempo que passa

não volta atrás

e qual, um mestre implacável,

não ensina duas vezes

a mesma lição.

Os ponteiros insistem em andar

tranquilos,

sem a pressa habitual

que toma a vida

dos homens que,

não conhecendo

a paciência do tempo,

veem passar momentos,

momentos ricos

para que palavras mudas

voltem a soar,

ainda que não ecoem

em ouvidos egoístas

de pessoas que,

mesmo com o passar do tempo,

insistem

em não aprender,

ou não conseguem

enxergar aquilo,

que como

os ponteiros girando,

está a um palmo

do seu nariz.


sábado, 7 de abril de 2012

A vida me cansa...

Tem horas

que a vida me cansa...

me cansa,

quando tenho que repetir sempre

as mesmas palavras

que, de tanto pronunciadas,

já secaram na garganta.

Palavras

que perderam o sentido,

uma vez que foram ouvidas

por ouvidos frios,

vazios e egoístas

de quem não busca mudar,

alçar novos voos e atitudes

em prol de algo

que se esperava construir.

A vida me cansa

quando observo

que as lições aprendidas

ou ainda ensinadas,

de nada adiantaram,

ou então bateram em

pedra fria, cinzenta

que insiste em manter-se

firme ali,

longe de tudo,

impedindo passagens e

atrapalhando caminhos,

com a teimosia

ou a ignorância teimosa

que insiste em medir forças

com a suavidade do vento

ou da água

que não desiste de bater.

Queria ser como a água,

insistente,

firme em seu bater,

mas me faltam forças,

pois cansado da vida,

prefiro seguir em frente,

desviar o caminho

e retomar o meu caminho,

aquele que fiz sozinho,

e que talvez não devesse

ter abandonado.

Estou cansado...

a vida me cansa.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Quebrando

Pare,

escute...

Algo está se quebrando!

Será que ainda

há tempo de impedir

a quebra, o rompimento?

A resposta não pertence

a quem indaga,

mas muitas vezes,

àquele que causou tal questão.

E esse alguém,

muitas vezes,

não percebe o quanto contribui

para que a quebra se dê.

Se atitudes podem trazer quebras,

da mesma forma,

são elas que podem impedir

que algo se quebre.

Atitudes porém,

muitas vezes,

deixam de ser tomadas,

por orgulho,

distração ou ainda

por comodismo.

Se não quer que se quebre,

o que espera para

fazer algo que

impeça este quebrar?

Quanto tempo esperará

para se arrepender,

ao ver quebrado

aquilo que não deveria quebrar?

O tempo que passa,

deixa lições,

ainda que mudas,

que podem transformar

aqueles que realmente

querem aprender.

Escute,

outro som...

talvez a quebra esteja

mais próxima

e seu tempo esteja chegando ao

fim.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Perdas

A perda da voz,

da vez,

do voo,

da vida,

dos sonhos...

São tantas perdas

vividas, sentidas

que algumas perguntas

ficam na alma.

Se perdas são necessárias,

se precisamos passar por elas,

por que doem tanto?

Por que fazem sangrar a alma?

Acredito que seja

porque, dentro das perdas,

está a perda dos sonhos...

e esta perda,

mais do que as outras,

faz morrer no mais íntimo do ser

a vontade de seguir em frente,

de falar...

faz morrer as palavras

que ecoavam na voz,

na vez,

na vida,

que cansada de sonhar,

de falar,

de vibrar,

procura no sono,

na letargia da alma

o sentido

das palavras

que se tornaram vazias,

nos ouvidos moucos

que não souberam ouvir.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Trincas

Na vida,

nos laços...

algumas coisas podem se quebrar,

e quando quebradas,

não voltam ao que eram antes.

Um cristal quando rachado

jamais será como antes.

Ainda que o consertem,

com cuidado esmerado,

com habilidades ímpares,

a trinca sempre estará lá.

Na vida, como cristais

algumas trincas imperceptíveis

vão se formando,

aumentando

e sem que as percebamos

terminam por quebrar

ou danificar aquilo

que não deveria ser danificado.

Olhos atentos,

ouvidos abertos...

nada adianta se a sensibilidade,

o que diferencia um ser do outro,

não estiver pronta

para entender

que tais trincas,

antes que aumentem de tamanho

e danifiquem o que não

poderia ser danificado,

precisam ser cuidadas,

enquanto ainda há tempo,

enquanto ainda são imperceptíveis

a olhos nus,

sentidas apenas pelo sentir

que une as pessoas...

É nestes momentos,

quando o tempo

para de correr apressadamente,

que algo pode ser feito,

que é possível fazer

desaparecer a trinca insistente,

usar o coração,

para fazê-la deixar de existir e,

ao contrário da quebra,

trazer o fortalecimento dos laços.



domingo, 1 de abril de 2012

Palavras Mudas

Quando as palavras

secam na boca e na garganta,

cansada de expressá-las,

é momento de ouvir o silêncio.

O silêncio nos fala muito

(quando sabemos ouvi-lo),

quando refletimos sobre

o que ele nos traz.

O silêncio das palavras mudas,

em bocas cerradas,

refletem o cansaço

da língua que as articulou...

este mesmo silêncio serve agora

de campo de cultivo

para as ideias há muito faladas

em terras e ouvidos áridos...

aridez que essas palavras,

outrora ditas,

algumas sem eco,

esperam ao menos

ter servido de adubo,

com a verdade nelas contidas.

Se a aridez de outrora

foi tocada pela vida

ali depositada pelas palavra ditas,

que elas possam fazer brotar os gestos

e as palavras cheias de vida,

de verdade, de sons para

desemudecer o silêncio

de bocas cerradas

e das palavras mudas.