quinta-feira, 26 de abril de 2012
Envelhecendo
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Palavras Vazias
domingo, 15 de abril de 2012
Sementes

Joguei ao vento
sementes em forma de palavras
na espera que terrenos
de ouvidos férteis
as recebessem,
permitindo-lhes brotar.
Para onde os ventos
sopraram tais sementes
não sei responder.
Sementes se foram
como pássaros
a voar em outros céus,
outros ouvidos,
sem pouso certo.
Cabe-me apenas
continuar minha faina
de semeador de palavras
para os ouvidos do mundo,
esperando um dia,
poder colher
abundantemente,
os frutos daquilo
que outrora semeei.
Te amo!

Te amo!
Ainda que nossos lábios
há muito não se toquem,
que o seu sabor
não faça parte de meu paladar,
que seu cheiro não fique
preso em meu corpo...
te amo!
Te amo
por ser você
que me faz feliz
com seu sorriso,
seu olhar,
com o brilho de seu olhar
e de seus cabelos.
Te amo
como se fosse a única.
a única mulher
a despertar em mim
a alegria de amar
e de me sentir amado.
Ainda que nossos dedos
não se entrelacem,
nossos corpos
não traduzam
sentimentos,
não se conversem
como poderiam fazer,
te amo,
pois é este amor
que me envolve,
que me renova
e me faz buscar,
ainda que distante,
o desejo de
te amar
a cada dia
que passo,
a cada momento
que passo
ao teu lado.
sábado, 14 de abril de 2012
Distância e Silêncio

O vazio das palavras,
o silêncio constante,
ainda que,
com ruídos no pensamento,
causa o distanciamento.
Palavras não ditas,
servem de motivos
para cada vez mais,
aumentar a distância
daqueles
unidos por outros laços.
O pensamento não é suficiente,
as palavras não ditas,
não conversadas,
aumentam ainda mais
o incômodo que
ao ampliar-se,
faz ampliar também,
a distância que se abre.
O distanciar-se provoca
o esquecimento...
laços se rompem,
num desacostumar
da companhia,
da inteireza de outrora
que agora,
no silêncio das palavras,
ainda que no pensamento,
insiste em ecoar
no vazio que a distância
fez surgir.
Olhos e ouvidos atentos
de momentos já vividos,
esperam o andar dos
ponteiros do tempo,
para mais uma vez
verem-se sozinhos,
caminhando,
sem o sonho
de ter ao lado
aqueles muito amados,
que outrora
convidamos
a sonhar em conjunto,
a vida que belamente
se descortinava
à nossa frente.
Só resta
o silêncio...
terça-feira, 10 de abril de 2012
Os Ponteiros do Tempo

Os ponteiros do relógio
andam em seu ritmo contínuo,
indicando aos observadores
que o passar do tempo
deixa pra trás
as oportunidades de retomar
aquilo que se esvai,
que escorre
como a areia,
de uma ampulheta quebrada,
por entre os dedos.
O tempo que passa
não volta atrás
e qual, um mestre implacável,
não ensina duas vezes
a mesma lição.
Os ponteiros insistem em andar
tranquilos,
sem a pressa habitual
que toma a vida
dos homens que,
não conhecendo
a paciência do tempo,
veem passar momentos,
momentos ricos
para que palavras mudas
voltem a soar,
ainda que não ecoem
em ouvidos egoístas
de pessoas que,
mesmo com o passar do tempo,
insistem
em não aprender,
ou não conseguem
enxergar aquilo,
que como
os ponteiros girando,
está a um palmo
do seu nariz.
sábado, 7 de abril de 2012
A vida me cansa...
Tem horas
que a vida me cansa...
me cansa,
quando tenho que repetir sempre
as mesmas palavras
que, de tanto pronunciadas,
já secaram na garganta.
Palavras
que perderam o sentido,
uma vez que foram ouvidas
por ouvidos frios,
vazios e egoístas
de quem não busca mudar,
alçar novos voos e atitudes
em prol de algo
que se esperava construir.
A vida me cansa
quando observo
que as lições aprendidas
ou ainda ensinadas,
de nada adiantaram,
ou então bateram em
pedra fria, cinzenta
que insiste em manter-se
firme ali,
longe de tudo,
impedindo passagens e
atrapalhando caminhos,
com a teimosia
ou a ignorância teimosa
que insiste em medir forças
com a suavidade do vento
ou da água
que não desiste de bater.
Queria ser como a água,
insistente,
firme em seu bater,
mas me faltam forças,
pois cansado da vida,
prefiro seguir em frente,
desviar o caminho
e retomar o meu caminho,
aquele que fiz sozinho,
e que talvez não devesse
ter abandonado.
Estou cansado...
a vida me cansa.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Quebrando

Pare,
escute...
Algo está se quebrando!
Será que ainda
há tempo de impedir
a quebra, o rompimento?
A resposta não pertence
a quem indaga,
mas muitas vezes,
àquele que causou tal questão.
E esse alguém,
muitas vezes,
não percebe o quanto contribui
para que a quebra se dê.
Se atitudes podem trazer quebras,
da mesma forma,
são elas que podem impedir
que algo se quebre.
Atitudes porém,
muitas vezes,
deixam de ser tomadas,
por orgulho,
distração ou ainda
por comodismo.
Se não quer que se quebre,
o que espera para
fazer algo que
impeça este quebrar?
Quanto tempo esperará
para se arrepender,
ao ver quebrado
aquilo que não deveria quebrar?
O tempo que passa,
deixa lições,
ainda que mudas,
que podem transformar
aqueles que realmente
querem aprender.
Escute,
outro som...
talvez a quebra esteja
mais próxima
e seu tempo esteja chegando ao
fim.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Perdas

A perda da voz,
da vez,
do voo,
da vida,
dos sonhos...
São tantas perdas
vividas, sentidas
que algumas perguntas
ficam na alma.
Se perdas são necessárias,
se precisamos passar por elas,
por que doem tanto?
Por que fazem sangrar a alma?
Acredito que seja
porque, dentro das perdas,
está a perda dos sonhos...
e esta perda,
mais do que as outras,
faz morrer no mais íntimo do ser
a vontade de seguir em frente,
de falar...
faz morrer as palavras
que ecoavam na voz,
na vez,
na vida,
que cansada de sonhar,
de falar,
de vibrar,
procura no sono,
na letargia da alma
o sentido
das palavras
que se tornaram vazias,
nos ouvidos moucos
que não souberam ouvir.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Trincas

Na vida,
nos laços...
algumas coisas podem se quebrar,
e quando quebradas,
não voltam ao que eram antes.
Um cristal quando rachado
jamais será como antes.
Ainda que o consertem,
com cuidado esmerado,
com habilidades ímpares,
a trinca sempre estará lá.
Na vida, como cristais
algumas trincas imperceptíveis
vão se formando,
aumentando
e sem que as percebamos
terminam por quebrar
ou danificar aquilo
que não deveria ser danificado.
Olhos atentos,
ouvidos abertos...
nada adianta se a sensibilidade,
o que diferencia um ser do outro,
não estiver pronta
para entender
que tais trincas,
antes que aumentem de tamanho
e danifiquem o que não
poderia ser danificado,
precisam ser cuidadas,
enquanto ainda há tempo,
enquanto ainda são imperceptíveis
a olhos nus,
sentidas apenas pelo sentir
que une as pessoas...
É nestes momentos,
quando o tempo
para de correr apressadamente,
que algo pode ser feito,
que é possível fazer
desaparecer a trinca insistente,
usar o coração,
para fazê-la deixar de existir e,
ao contrário da quebra,
trazer o fortalecimento dos laços.
domingo, 1 de abril de 2012
Palavras Mudas

Quando as palavras
secam na boca e na garganta,
cansada de expressá-las,
é momento de ouvir o silêncio.
O silêncio nos fala muito
(quando sabemos ouvi-lo),
quando refletimos sobre
o que ele nos traz.
O silêncio das palavras mudas,
em bocas cerradas,
refletem o cansaço
da língua que as articulou...
este mesmo silêncio serve agora
de campo de cultivo
para as ideias há muito faladas
em terras e ouvidos áridos...
aridez que essas palavras,
outrora ditas,
algumas sem eco,
esperam ao menos
ter servido de adubo,
com a verdade nelas contidas.
Se a aridez de outrora
foi tocada pela vida
ali depositada pelas palavra ditas,
que elas possam fazer brotar os gestos
e as palavras cheias de vida,
de verdade, de sons para
desemudecer o silêncio
de bocas cerradas