
Saudade
é como um bicho
que insiste em devorar
o coração de quem a sente.
Difícil dizer o tamanho e a espécie
do tal que insiste em incomodar, roer, mastigar.
Pior de tudo
é que saudade não tem cura,
não morre ou poder ser morta,
continua ali, crescendo
mastigando, roendo
fazendo doer o coração e até a alma.
Saudade de quem amamos,
de quem queremos por perto
e que mesmo quando vemos,
por minutos, horas, dias
ao viraemos as costas,
e nos despedirmos...
a saudade vem de novo
e recomeça a roer.
Bicho danado de dente doído!
Saudade, no fundo, no fundo
até que é boa de se ter,
porque saudade só temos
do que é bom,
de quem amamos,
do que nos fez bem.
Saudade do mal
não existe,
ninguém quer reviver
o mal que sentiu
e a dor que ele causou...
saudade só existe
quando mexemos nela,
coçamos daqui e dali
um pouquinho mais pro ladinho
e ela responde,
rói, roendo,
dói, doendo...
mas uma dor diferente
custosa, mas de força maior.
Saudade não acaba,
muda de lugar
insiste em remoer o coração
de quem a tem,
quem a contraiu
ao amar alguém
que nem sempre
está fisicamente perto.
Saudade na verdade
É cutucão de quem a sente
para não esquecer
que quem está longe,
está na verdade
dentro do coração
e da alma
de quem ama.